O
UFC 154 serviu para ilustrar (ou até mesmo corroborar) algumas das reflexões de
Martin Heidegger, grande
representante da Fenomenologia. Esse
movimento filosófico trata da reflexão de todo e qualquer fenômeno que se
mostra para nós na relação que estabelecemos com os outros no mundo. Isso eu
pude perceber durante a luta entre Rafael
dos Anjos e o canadense Mark Bocek.
A
Fenomenologia tem origem na Grécia
mas, tal como a conhecemos hoje, foi desenvolvida e estruturada por Edmund Husserl que era matemático e diz
a lenda que investigava na Psicologia o que era o número. Esse movimento
filosófico afirmava que nossa relação com o mundo teria início apenas em nossas
percepções ou sentidos, uma vez que somos nós quem buscamos sentido ou
explicações para aquilo que aparece.
Martin
Heidegger, ao debruçar-se sobre esse tema, passou a analisar mais
detidamente sobre a questão do Ser, se haveria algum sentido nessa palavra pelo
fato de referir-se a essência de algo. Distinguia o “ente” do “ser”. Um objeto
qualquer corresponderia a um ente
qualquer. Já o seu ser estaria
relacionado, hipoteticamente, à sua essência. A título de ilustração, consideremos o caso de uma obra de arte. No caso da famosa tela “O Grito” de Munch, seria possível determinar, de forma
inequívoca, a sua essência, vale dizer, o seu ser? Imaginemos, por um instante, que sim.
A sua essência consistiria no fato de ser uma obra expressionista? Ou seria o sentimento de desespero que assolava o artista no momento da criação? Ou seria o contraste entre as cores quentes e frias? Não seriam as pinceladas tortas? Porque não tudo junto? Mas será que não estariam escapando ainda mais elementos? Quantos mais? Como ter certeza? Que critério estaria sendo usado nesse julgamento? Por qual motivo esse em especial? Como podemos perceber, existe um problema sério na possibilidade real de se determinar ou acreditar que é possível atingir a essência de algo. Não há como ter certeza!
A sua essência consistiria no fato de ser uma obra expressionista? Ou seria o sentimento de desespero que assolava o artista no momento da criação? Ou seria o contraste entre as cores quentes e frias? Não seriam as pinceladas tortas? Porque não tudo junto? Mas será que não estariam escapando ainda mais elementos? Quantos mais? Como ter certeza? Que critério estaria sendo usado nesse julgamento? Por qual motivo esse em especial? Como podemos perceber, existe um problema sério na possibilidade real de se determinar ou acreditar que é possível atingir a essência de algo. Não há como ter certeza!
Rafael
dos Anjos, carioca, faixa preta de Jiu-Jitsu e lutador de MMA. Descrito
dessa maneira é possível imaginar aquele tipo de lutador que “se vira” em pé e
se achar uma brecha, leva a luta para baixo. Aliás, o próprio assumiu em uma
entrevista dada na revista TATAME em 22/10/2012 que era na parte em pé que
encontrava mais dificuldades. Teve a mandíbula quebrada durante a luta contra Clay Guida. Agora, com vários pinos na
boca e, portanto, com “queixo de ferro” voltou com tudo. Passou meses na
Tailândia para afiar seu Muay Thay e
melhorar seu jogo em pé, no intuito de se tornar um lutador mais completo.
M. Heidegger chegou a afirmar que a palavra “ser” nada significava, de fato. Não
passava de uma expressão vazia, sem sentido e incapaz de referir-se a algo preciso
e real.