No
UFC 156: Aldo vs Edgar teve uma luta, em especial, que me fez parecer que se
tratava mais de literatura do que de uma luta propriamente dita. Estamos
falando da luta de Jon Fitch contra Demian Maia, nosso mais ilustre representante do Brazilian Jiu-Jitsu (5 vezes campeão
mundial de Jiu-Jitsu) no MMA.
Depois
de alternar entre bons e maus momentos na categoria de peso médio, Maia decide
baixar para a meio médio e vinha de duas vitórias consecutivas: Dong Hyun Kim e Rick Story, ambas em 2012. No início de 2013, faria sua terceira
contra (o duro de finalizar) Jon Fitch.
Fitch é mais um daqueles caras que lutava
pela faculdade (bacharelou-se me Educação Física com ênfase em História). Ainda
na faculdade, já chamava a atenção pelos resultados conquistados e quando
terminou, a fama, o reconhecimento e o dinheiro que os atletas de MMA vinham
obtendo falaram mais alto.
Com
oito vitórias consecutivas (já no UFC) teve direito a uma luta pelo cinturão
com ninguém menos do Georges St.
Pierre. Se ganhasse a nona, superaria inclusive Royce Gracie. Fitch
perdeu, mas isso já é uma outra estória. Curioso com era o seu estilo de luta. Bom
de Wrestling e bom de Jiu-Jitsu, mas a grande maioria dessas
oito vitórias consecutivas no UFC foi por decisão unânime dos juízes laterais. Isso já dá mostras de que Jon Fitch tem o estilo de um grande amarrão: te leva para o chão, não te deixa levantar nunca mais, mas
também não finaliza... É aquele tipo de lutador que não bate de forma
contundente, não é de lutar em pé, sempre te leva para baixo, controla sempre a
luta por lá e, por esses motivos, costumo dizer que ele rouba a vitória dos outros...
Mas
nada contra. Ele é muito bom no que faz e confesso que até acabei virando seu
fã...
Mas
do outro lado teríamos nosso grande Demian
Maia. Paulistano, formado em jornalismo e cinco vezes campeão mundial de Jiu-Jitsu, para ficarmos apenas por
aqui...
Assim,
pensava que seria literalmente uma batalha travada no chão. Mas
não foi bem isso que se passou... Foi um domínio completo do brasileiro, praticamente
um monólogo...
Sim.
Isso mesmo. Segundo sua definição, “um discurso pronunciado por uma única
pessoa”. Essa palavra vem do grego: monos (um) e logos (palavra).
Monólogo
também constitui uma forma de discurso no qual o personagem extravasa seus
pensamentos e ações de forma razoavelmente ordenada. No monólogo também é comum
que o ator rebusque pensamentos profundos psicologicamente. Mas vamos à luta...
Primeiro round: Maia mergulha nas pernas de Fitch, derruba-o e vai logo para as costas. Fitch se levantas e Maia fica muchilado por quase três minutos. Maia põe seus pés no chão e surpreende Fitch com uma bela rasteira. Em seguida, começa a transparecer um Jon Fitch totalmete perdido, cheio de dúvidas... se volta em pé ou se fica mesmo no chão, fechadinho. Se ficar em pé, vai gastar mais energia em razão do sobrepeso. Se permanece no chão, permanece na zona de conforto do brasileiro... É o velho ditado popularesco: se correr o bicho pega, se ficar o bicho come...
Segundo
round: Inicia com alguma trocação, mas Maia logo parte para o single-lag e
derruba Fitch. Faltando 2 minutos e 20 segundos, Maia até consegue encaixar um estrangulamento.
Mas Fitch conseguiu se safar... E foi isso...
Terceiro round: Fitch tenta um chute alto, mas, em resposta, recebe um forte abraço de Maia e é levado até a grade. Depois de um minuto, adivinhem: acertaram... Maia o derruba e ganha as costas. Faltando 2 minutos e 40 segundos, um susto: Fitch encaixa uma guilhotina em Maia e o leva para o chão. Mas, tudo em casa. Maia logo se levanta e (acreditem se quiser) ganha as costas de Fitch. Os dois voltam por alguns segundos para lutarem em pé, mas (desculpem-me por ser repetitivo...) Maia mergulha nas pernas de Fitch, derruba-o e (isso mesmo que você pensou) ganha as costas dele. E fica por lá até acabar...
Nessa
luta fiquei com uma sensação esquisita... Demian
Maia acabou sendo o Jon Fitch. E
se Demian Maia acabou interpretando o
papel de Jon Fitch, o que fez Jon Fitch?