Tive a oportunidade, outro dia, de assistir a um
documentário sobre a descoberta recente de fósseis de humanos em Londres, relativos a época da
invasão romana que reforçam a hipótese de que gladiadoras, de fato, podem ter existido. Chama-se
Gladiatrix, de 2002, dirigido por Freeston
Jeremy. Merece muitos comentários, sem dúvida. Mas ali,
conheci uma personalidade extremamente importante da história da Inglaterra que ficou bastante tempo em minha cabeça. Acredito que tenha sido por uma
razão bem simples: acabei associando (indevidamente ou não) a atmosfera da luta do card
prinicpal do UFC 190: Ronda Rousey
vs. Bethe Correia Pitbull. Essa personagem era a
rainha Boadicea.
Rainha da tribo Iceni que após ser açoitada (e suas filhas violentadas) pelos
soldados romanos, liderou uma revolta com mais de 100.000 formadas tanto por
aristocratas quanto por plebeus que levou à destruição boa parte dos domínios
romanos em solos britânicos, inclusive em Londres.
Não é necessário falar muito sobre o notório
espírito vingativo da rainha Boadicea.
Mas depois de readquirir o controle da
situação, os romanos voltaram com suas atividades rotineiras, incluindo ai, os
jogos de gladiadores.
A rainha Boadicea virou uma lenda e, como toda lenda, deve ter inspirado o(s)
espírito(s) de qualquer (quaisquer) gladiadora(s) que possa(m) ter existido.
O historiador Dião Cássio escreveu sobre
ela que:
“Boadicea era alta,
terrível de olhar e abençoada com uma voz poderosa. Uma cascata de cabelos
vermelhos alcançava seus joelhos; usava um colar dourado composto de
ornamentos, uma veste multicolorida e sobre esta um casaco grosso preso por um
broche. Carregava uma lança comprida para assustar todos os que lhe deitassem
os olhos.”
Boadicea fora casada com Prasutagos que, durante a invasão dos romanos, fez um acordo com os mesmos, segundo o qual deixaria o seu reino para suas filhas e para o império romano. Mas, após sua morte, o acordo foi ignorado. Seu reino foi anexado ao império romano. Quando a etão viúva Boadicea foi reclamar sobre o que fora acordado, fora açoitada (e suas filhas violentadas) pelos soldados romanos.
Após uma série de perdas, os romanos se
reorganizaram e realizaram movimentações militares de forma a atrair a rainha Boadicea e seu exército para uma região
condizente com suas táticas militares. Após uma das batalhas mais violentas e
sangrentas entre os dois lados, os romanos derrotam a rainha Boadicea que, a partir dessa data, passa
a virar lenda.
Para se ter uma idéia da grandeza da rainha Boadicea (e sua lenda), a própria rainha Vitória chegou a ser comparada com ela e sua grande estátua de bronze ao lado do palácio de Westminster foi inaugurada pelo então príncipe Alberto (que mais tarde viria a se casar com a rainha Vitória). Na estátua, Boadicea comanda uma carruagem de guerra junto com suas filhas.
Ah! essa estória de vingança, de tomar a
frente de familiares surrados e espancados me fez lembrar (obviamente guardadas
as devidas proporções) desse combate, com certos requintes de realidade.
Bethe
Correa vinha invicta de nove lutas, sendo que as últimas
três pelo UFC e em cima de três “amigas” da Ronda
Rousey, que ela mesma prefere considerar suas amigas de treino como um
família. Em ordem cronológica: Julie
Kedzie, Jessamyn Duke e Shayna Baszler.
Eis todos os ingredientes para invocar o
espírito de guerreira e de desejo de vingança por parte de Ronda Rousey. Cá entre nós: todos sabemos que, para despertar esse
misto de sentimentos em Ronda, não é preciso
fazer muita coisa...
Mas e Bethe Pitbull? Especialista nas lutas em pé (área de desconforto de
Ronda Rousey, mas muitos já dizem ter
evoluído muito das duas últimas lutas para cá)... Seria ela realmente capaz de
derrotar Ronda por ser especialista naquilo
que Ronda não era? E mais:
comentários por parte de nossa Bethe
Pitbull sobre alguns problemas familiares ocorridos na infância da Ronda (suicídio do pai) obviamente que
não foram (e acredito que nunca seriam) bem recebidos do lado de lá.
Pronto: Se faltava alguma coisa, agora,
o pino da granada havia sido retirado. Só restava saber quem é que seguraria
por último.
Primeiro (e único) round: Quando “Big” John McCarthy disse “let’s go!”, Bethe sabia que o jogo da Ronda era se aproximar, derrubar e
finalizar. Por isso, teria que ser mais conservadora. Se fosse derrubada,
talvez nunca mais se levantaria do chão. Dito e feito: Ronda era a que mais se aproximava para “grudar”. A maioria das
tentativas para “grudar” era sempre acompanhada com jab e direto, às vezes só
com jab, às vezes só com o direto. Numa dessas, até conseguiu
agarrar pela nuca e simulou um clinche
de Muay Tay. Não deu certo. Em
seguida tentou levar para o chão, mas Bethe estava ligada. Trocaram alguns socos abertamente e Ronda consegue desequilibrar Bethe, que vai ao chão, dá uma cambalhota para trás e volta a ficar em pé. O inacreditável é que Ronda nem tentou “pular” sobre a Bethe para segurá-la no chão. Deixou ela se levantar para, em seguida, fazer o inesperado, calando, dessa forma, a boca de todos (inclusive eu) que ainda questionavam seu queixo: trocou muitos socos na grade com a Bethe Pitbull, levando-a, literalmente, a knock out. Em seguida sai andando, com uma calma nunca visto nela, que sempre saia saltitando... Ah, meus caros...!!! Era vingança, sim...!!!
Se alguém dissesse que a Ronda encarnou o espírito da rainha Boadicea, nem ousaria duvidar...seguida tentou levar para o chão, mas Bethe estava ligada. Trocaram alguns socos abertamente e Ronda consegue desequilibrar Bethe, que vai ao chão, dá uma cambalhota para trás e volta a ficar em pé. O inacreditável é que Ronda nem tentou “pular” sobre a Bethe para segurá-la no chão. Deixou ela se levantar para, em seguida, fazer o inesperado, calando, dessa forma, a boca de todos (inclusive eu) que ainda questionavam seu queixo: trocou muitos socos na grade com a Bethe Pitbull, levando-a, literalmente, a knock out. Em seguida sai andando, com uma calma nunca visto nela, que sempre saia saltitando... Ah, meus caros...!!! Era vingança, sim...!!!