segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Ronda Rousey e Bethe Pitbull: A Vingança da Rainha Boadicea?


Tive a oportunidade, outro dia, de assistir a um documentário sobre a descoberta recente de fósseis de humanos em Londres, relativos a época da invasão romana que reforçam a hipótese de que gladiadoras, de fato, podem ter existido. Chama-se Gladiatrix, de 2002, dirigido por Freeston Jeremy. Merece muitos comentários, sem dúvida. Mas ali, conheci uma personalidade extremamente importante da história da Inglaterra que ficou bastante tempo em minha cabeça. Acredito que tenha sido por uma razão bem simples: acabei associando (indevidamente ou não) a atmosfera da luta do card prinicpal do UFC 190: Ronda Rousey vs. Bethe Correia Pitbull. Essa personagem era a rainha Boadicea.
Rainha da tribo Iceni que após ser açoitada (e suas filhas violentadas) pelos soldados romanos, liderou uma revolta com mais de 100.000 formadas tanto por aristocratas quanto por plebeus que levou à destruição boa parte dos domínios romanos em solos britânicos, inclusive em Londres.
Não é necessário falar muito sobre o notório espírito vingativo da rainha Boadicea.
Mas depois de readquirir o controle da situação, os romanos voltaram com suas atividades rotineiras, incluindo ai, os jogos de gladiadores.
A rainha Boadicea virou uma lenda e, como toda lenda, deve ter inspirado o(s) espírito(s) de qualquer (quaisquer) gladiadora(s) que possa(m) ter existido.
O historiador Dião Cássio escreveu sobre ela que:

“Boadicea era alta, terrível de olhar e abençoada com uma voz poderosa. Uma cascata de cabelos vermelhos alcançava seus joelhos; usava um colar dourado composto de ornamentos, uma veste multicolorida e sobre esta um casaco grosso preso por um broche. Carregava uma lança comprida para assustar todos os que lhe deitassem os olhos.”

Boadicea fora casada com Prasutagos que, durante a invasão dos romanos, fez um acordo com os mesmos, segundo o qual deixaria o seu reino para suas filhas e para o império romano. Mas, após sua morte, o acordo foi ignorado. Seu reino foi anexado ao império romano. Quando a etão viúva Boadicea foi reclamar sobre o que fora acordado, fora açoitada (e suas filhas violentadas) pelos soldados romanos.
Após uma série de perdas, os romanos se reorganizaram e realizaram movimentações militares de forma a atrair a rainha Boadicea e seu exército para uma região condizente com suas táticas militares. Após uma das batalhas mais violentas e sangrentas entre os dois lados, os romanos derrotam a rainha Boadicea que, a partir dessa data, passa a virar lenda.

Para se ter uma idéia da grandeza da rainha Boadicea (e sua lenda), a própria rainha Vitória chegou a ser comparada com ela e sua grande estátua de bronze ao lado do palácio de Westminster foi inaugurada pelo então príncipe Alberto (que mais tarde viria a se casar com a rainha Vitória). Na estátua, Boadicea comanda uma carruagem de guerra junto com suas filhas.
Ah! essa estória de vingança, de tomar a frente de familiares surrados e espancados me fez lembrar (obviamente guardadas as devidas proporções) desse combate, com certos requintes de realidade.
Bethe Correa vinha invicta de nove lutas, sendo que as últimas três pelo UFC e em cima de três “amigas” da Ronda Rousey, que ela mesma prefere considerar suas amigas de treino como um família. Em ordem cronológica: Julie Kedzie, Jessamyn Duke e Shayna Baszler.
Eis todos os ingredientes para invocar o espírito de guerreira e de desejo de vingança por parte de Ronda Rousey. Cá entre nós: todos sabemos que, para despertar esse misto de sentimentos em Ronda, não é preciso fazer muita coisa...
Mas e Bethe Pitbull? Especialista nas lutas em pé (área de desconforto de Ronda Rousey, mas muitos já dizem ter evoluído muito das duas últimas lutas para cá)... Seria ela realmente capaz de derrotar Ronda por ser especialista naquilo que Ronda não era? E mais: comentários por parte de nossa Bethe Pitbull sobre alguns problemas familiares ocorridos na infância da Ronda (suicídio do pai) obviamente que não foram (e acredito que nunca seriam) bem recebidos do lado de lá.
Pronto: Se faltava alguma coisa, agora, o pino da granada havia sido retirado. Só restava saber quem é que seguraria por último.
Primeiro (e único) round: Quando “Big” John McCarthy disse “let’s go!”, Bethe sabia que o jogo da Ronda era se aproximar, derrubar e finalizar. Por isso, teria que ser mais conservadora. Se fosse derrubada, talvez nunca mais se levantaria do chão. Dito e feito: Ronda era a que mais se aproximava para “grudar”. A maioria das tentativas para “grudar” era sempre acompanhada com jab e direto, às vezes só com jab, às vezes só com o direto. Numa dessas, até conseguiu agarrar pela nuca e simulou um clinche de Muay Tay. Não deu certo. Em
seguida tentou levar para o chão, mas Bethe estava ligada. Trocaram alguns socos abertamente e Ronda consegue desequilibrar Bethe, que vai ao chão, dá uma cambalhota para trás e volta a ficar em pé. O inacreditável é que Ronda nem tentou “pular” sobre a Bethe para segurá-la no chão. Deixou ela se levantar para, em seguida, fazer o inesperado, calando, dessa forma, a boca de todos (inclusive eu) que ainda questionavam seu queixo: trocou muitos socos na grade com a Bethe Pitbull, levando-a, literalmente, a knock out. Em seguida sai andando, com uma calma nunca visto nela, que sempre saia saltitando... Ah, meus caros...!!! Era vingança, sim...!!!

Nunca quis bater tanto em alguém...!!!”, segundo a site torcedores.com.

Se alguém dissesse que a Ronda encarnou o espírito da rainha Boadicea, nem ousaria duvidar...