Voltava
para casa outro dia de carona com o ilustre professor Alfredo Sant’Anna,
matemático e mestre em Economia e, como de praxe, confabulávamos prazerosamente
sobre Filosofia, Matemática etc. Conversas extremamente agradáveis que acabaram
por se revelar seminais. O professor Alfredo abordava com propriedade sobre a Dialética, sua lógica central e suas
implicações.
Inicialmente
fiquei estupefato pela força dessa corrente filosófica e pela importância da contradição no interior desse movimento.
Ao
me deter um pouco mais a fundo sobre esse assunto, uma luta específica veio
imediatamente a minha mente: O primeiro encontro entre Anderson Silva e Chael Sonnen.
Explico:
A Dialética surgiu como que uma
reação às duras críticas do ceticismo de David
Hume, a saber, que a mente humana não seria capaz de conhecer as coisas em
sua essência. Hegel, um dos maiores
proponentes da Dialética, partiu do
princípio de que tudo está em constante movimento e que, portanto, as coisas são e não são ao mesmo tempo. É como se “A” e “não-A” ocorressem
simultaneamente. O “bom” é e não é, o “belo” é e não é. Dentro da perspectiva
da Dialética a contradição constitui
elemento inseparável da realidade. Tudo isso em razão das leis do nascimento,
desenvolvimento, morte e renascimento. Existe constante movimento interno: do ser ao não-ser e do não-ser ao ser. Esses constantes movimentos
internos dão-se em estágios. Cada estágio novo implica rompimento com o
anterior, além da transmissão para o novo estágio daquilo que havia no
anterior. É como se em todo estágio houvesse um germe, um elemento de
contradição interna que cedo ou tarde seria o responsável pela sua auto-destruição.
Essa seria a lógica do ser e não-ser da realidade.
O
UFC 117, mais precisamente a luta principal entre Anderson Silva e Chael Sonnen,
proporciona as situações e condições que permitem perceber a sua dialética.
Em
sua luta de defesa de cinturão anterior, Anderson
Silva foi aberta e exaustivamente criticado por atuar de forma
desrespeitosa, além de ficar fugindo da luta. Por esse motivo, o seu próximo oponente
seria bem diferente, segundo palavras de Dana White.
Eis
que surge a figura de Chael Sonnen, um
wrestler de origem, bem falastrão,
daqueles que não medem palavras na hora de “promover” uma luta. Falou em
aposentar Anderson Silva, que precisava de apenas três golpes para aniquilá-lo,
que já era o campeão, sem falar nas baixarias direcionadas aos seus familiares
e colegas de treino.
Chael Sonnen, o lutador mais dialético de MMA. Até na hora de
desistir, seu aspecto mais íntimo é revelado. Ah! Sim. Já imagino seu lema de
vida: “Ser e não-ser. Eis a questão!”.
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