terça-feira, 20 de novembro de 2012

Anderson Silva, Chael Sonnen e a Dialética de Hegel: O Primeiro Encontro



Voltava para casa outro dia de carona com o ilustre professor Alfredo Sant’Anna, matemático e mestre em Economia e, como de praxe, confabulávamos prazerosamente sobre Filosofia, Matemática etc. Conversas extremamente agradáveis que acabaram por se revelar seminais. O professor Alfredo abordava com propriedade sobre a Dialética, sua lógica central e suas implicações.
Inicialmente fiquei estupefato pela força dessa corrente filosófica e pela importância da contradição no interior desse movimento.
Ao me deter um pouco mais a fundo sobre esse assunto, uma luta específica veio imediatamente a minha mente: O primeiro encontro entre Anderson Silva e Chael Sonnen.
Explico: A Dialética surgiu como que uma reação às duras críticas do ceticismo de David Hume, a saber, que a mente humana não seria capaz de conhecer as coisas em sua essência. Hegel, um dos maiores proponentes da Dialética, partiu do princípio de que tudo está em constante movimento e que, portanto, as coisas são e não são ao mesmo tempo. É como se “A” e “não-A” ocorressem simultaneamente. O “bom” é e não é, o “belo” é e não é. Dentro da perspectiva da Dialética a contradição constitui elemento inseparável da realidade. Tudo isso em razão das leis do nascimento, desenvolvimento, morte e renascimento. Existe constante movimento interno: do ser ao não-ser e do não-ser ao ser. Esses constantes movimentos internos dão-se em estágios. Cada estágio novo implica rompimento com o anterior, além da transmissão para o novo estágio daquilo que havia no anterior. É como se em todo estágio houvesse um germe, um elemento de contradição interna que cedo ou tarde seria o responsável pela sua auto-destruição. Essa seria a lógica do ser e não-ser da realidade.
O UFC 117, mais precisamente a luta principal entre Anderson Silva e Chael Sonnen, proporciona as situações e condições que permitem perceber a sua dialética.
Em sua luta de defesa de cinturão anterior, Anderson Silva foi aberta e exaustivamente criticado por atuar de forma desrespeitosa, além de ficar fugindo da luta. Por esse motivo, o seu próximo oponente seria bem diferente, segundo palavras de Dana White.
Eis que surge a figura de Chael Sonnen, um wrestler de origem, bem falastrão, daqueles que não medem palavras na hora de “promover” uma luta. Falou em aposentar Anderson Silva, que precisava de apenas três golpes para aniquilá-lo, que já era o campeão, sem falar nas baixarias direcionadas aos seus familiares e colegas de treino.
Bem, acho que todos aqui devem ter visto um grande número de vezes essa luta, de forma que não me deterei sobre ela em detalhes. O que eu gostaria de chamar a atenção é que o senhor Chael Sonnen, além de todos os adjetivos que lhe são próprios, é um tremendo de um dialético, no sentido exposto acima: Falou como um campeão, mas não era; Lutou como um campeão, foi até melhor, mas terminou perdedor. Tudo muito contraditório... Portava-se como campeão, mas era só pose. Dominou praticamente todos os cinco rounds, mas perdeu a peleja. Aliás, a batidinha na perna do Anderson Silva (daquelas bem safadas) foi e não foi!?!?!? Me lembro que, como muitos, também fiquei na dúvida... Batidinha mais dialética que aquela não existe....!!!!!
Chael Sonnen, o lutador mais dialético de MMA. Até na hora de desistir, seu aspecto mais íntimo é revelado. Ah! Sim. Já imagino seu lema de vida: “Ser e não-ser. Eis a questão!”.

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